A mais recente edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelou um crescimento de 4,9% nos registros de desaparecimentos em 2024, totalizando 81.873 casos reportados às Polícias Civis — o equivalente a quatro desaparecimentos por hora. Esse aumento vem sendo observado desde 2020 e pode estar relacionado à atuação de facções criminosas, segundo análise de especialistas.
Estudos citados pelos pesquisadores Cleber Lopes (Departamento de Ciências Sociais e coordenador do LEGS/UEL) e Danilo Azolini (Capitão da PMPR e doutorando em Sociologia pela UEL) apontam que organizações criminosas, como o PCC e o Comando Vermelho, vêm desenvolvendo mecanismos cada vez mais sofisticados de ocultação de cadáveres, o que pode estar mascarando homicídios nas estatísticas oficiais.
Dados recentes reforçam essa preocupação. Segundo o Sinesp, os registros de desaparecimentos cresceram 2,3% no primeiro semestre de 2025, e a pesquisa FBSP/Datafolha sobre vitimização e percepção de segurança mostra aumento na percepção de existência de “cemitérios clandestinos”, que passou de 8% em 2024 para 12% em 2025.
Para os autores, compreender essa dinâmica é fundamental para o aprimoramento das políticas públicas de segurança. É necessário fortalecer protocolos investigativos que tratem desaparecimentos com indícios de envolvimento do crime organizado como possíveis homicídios com ocultação de cadáver, além de aperfeiçoar a legislação específica sobre o tema.
O artigo completo, “Desaparecimentos, homicídios e crime organizado”, está disponível na edição de 6 de novembro da newsletter Múltiplas Vozes, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).